SENSIBILIDADE
Dueto Gilberto Brandão Marcon & Roberta Marcon






Sentir o que os outros não veem,

Ser como os outros não entendem.

Buscar com loucura o que se ama

E encontrar às vezes mais, às vezes menos...

(Roberta)

Duvidar que o que não vê não existe,

Não perceber que, acima do entendimento,

Está a dedicação e a obstinação de cada ato.

E se meu olhar não te vê, nada vejo então.

(Gilberto)

Uma surpresa agradável,

Uma alegria frágil demais para resistir

Quando a mágoa chega,

Mas uma vontade imensa de equilibrar sentimentos.

(Roberta)

Temo o inesperado, desconfio da sorte.

A alegria é como a flor, tão frágil como bela.

E a mágoa que é dor indesejada, mas presente.

Amor não é só acaso, mas também dedicação.

(Gilberto)

Uma criança inocente,

Uma malícia sem maldade.

A certeza de ter razão,

E o defeito de achar que não a tem.

(Roberta)

Não saberia ser inocente,

Pois sinto-me eternamente culpado.

Não teria malícia por ser demais ingênuo.

Não discutiria a razão por ter obstinada teimosia.

(Gilberto)

Necessitar de carinho como da luz e do ar.

Perceber a estética das coisas

E guiar-se por ela,

Tornando-se fútil.

(Roberta)

Não tenho a luz ou ar, apenas a atitude.

Só aprecio a estética da liberdade,

Por ela até renuncio a parte dela mesma.

Franco demais para compartilhar futilidades.

(Gilberto)

Mas uma futilidade que se torna saudável,

Quando observados os valores internos.

Tentar discernir o bem do mal

E ser levada, às vezes, pela dúvida.

(Roberta)

A futilidade nunca é saudável,

Melhor será sempre a verdade,

Mesmo que implique em intensa dor.

Dúvidas eu tenho, mas amo a justiça.

(Gilberto)

Falta de estabilidade

Que traz insegurança e sofrimento.

Ser uma peça inquebrantável

E flexível, como os juncos que se curvam.

(Roberta)

Na instabilidade de mim, a certeza de ti.

Estúpido em atos, mas nunca em coração.

Não cabe a ti o desafio da força, mas a mim.

O que encanta-me é a flexibilidade que não tenho.

(Gilberto)

Juncos que na tempestade tocam o chão,

Mas continuam plantados.

E amam o vento que não conhece

A própria força.

(Roberta)

Não dobro-me ao vento, sou como o carvalho,

Cairei em batalha, talvez inútil, mas será meu destino,

Ama mais enfrentar o vento do que a própria vida.

Talvez faça parte dele, mas atrai-me tua brisa.

(Gilberto)

Gilberto Brandão Marcon

& Roberta Marcon

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Áudio:

http://recantodasletras.uol.com.br/audio.php?cod=22572


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