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Gilberto Brandão Marcon
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OLHOS DE MULHER
Olhar feminino,
olhos de mulher,
feliz é o homem
que neles encontra consolo,
triste é o homem
que neles acha a angústia.
Virtuais e duros promotores,
acusadores de todas as culpas,
ferozes predadores
dos deslizes das paixões.
Libertadores dos carentes de afeto,
arquitetos dos sonhadores,
inspiradores dos poetas ocasionais.
Donos de umas tantas respostas,
mas terríveis criadores
de um maior número de interrogações.
Posseiros de poderosa magia,
convertendo maduros homens
em doces e meigos meninos.
Subjetivos aventureiros a desafiar
a organização da exaurida razão.
Força ou fragilidade?
Vitoriosos guerreiros
a conquistar os incautos
corações masculinos,
imaturos de emoções.
Inquestionáveis nas suas estranhas
e ocultas certezas,
depositários de uma verdade essencial.
Lumes capazes de espantar
as sombras da amargura,
com poder de roubar a alegria,
ou de trazer a graça
da sublime felicidade.
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Gilberto Brandão Marcon
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CORAÇÕES EM CHAMAS
Chama.
Inflama ardente fogo,
reclama vida.
Pulsa agitado o coração.
Insensatos sentimentos.
Crepita a chama
nos seus tons vermelhos.
Esconderijo do ego,
alcova de amor proibido.
O desencontro das bocas,
as mãos que não se acham.
Os olhares que fogem
ocultos em esquinas,
fingidos em indiferença,
torturados em pecados.
Flamejantes em dores
com ausências indesejadas.
No fluir dos hálitos,
na lembrança dos odores.
A inquietação no silêncio.
O prazer infeliz.
As palavras ocultas,
as sílabas não ditas.
A chama do fogo.
O ardente fogo
que tudo queima,
que faz cinzas
jogadas ao vento
que se vão... e vão,
perdidas que estão.
Gilberto Brandão Marcon
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FLORES DA VIDA
Qual flor delicada que surgiu na primavera,
poderá resistir às frias brisas
da maturidade do outono?
Qual coração aquecido pelas chamas
das ardentes paixões,
aprenderá, um dia, a pulsar
pelo calor afetivo do suave amor?
Que exista este dia.
Que ele despreze o tempo dos calendários,
que ele comungue com a eternidade.
Que seja escrito na alma.
E então ele não será como pluma
a se perder no vento do destino.
Não será escravo do acaso,
mas terá vida própria e sua busca
será vínculo entre almas,
será aliança consolidada por um olhar.
E estes olhares haverão de se buscar,
depositários deste mistério.
Serão olhos depositários de lágrimas,
serão olhos de molduras de sorrisos.
Serão promessa de inquietação e paciência,
inspiração para a esperança.
E esta será a musa
que há de unir letras em sílabas
e estas em palavras
para, em pacto com o Criador,
organizarem-se no corpo do leve poema.
Gilberto Brandão Marcon
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