O RITO DAS PAIXÕES





Perdidos em meio de uma cidade,
num quarto, num espaço oculto.
Silhuetas humanas
a congregarem-se
no ritual de sexualidade,
na expressão física do afeto.
Murmúrios, vozes perdidas...
e como são agradáveis
por assim serem!
Antes do amor, a paixão,
o seu lado vermelho.
A química do corpo,
que um dia poderá ser a da alma.
O coração está em êxtase,
o cérebro preguiçoso.
Não é momento de pensar,
mas sentir.
Relaxamento, liberdade de si,
E pensando-se possuir,
estará enganado,
pois estará a doar-se.
Dois seres convertendo-se
num único novo ser,
a flutuarem por entre
rarefeitas nuvens do céu.
Sonharão com ilhas desertas,
no desejo de compartilhar
as próprias solidões.
Estarão no mundo,
mas dele desligados
para criar o seu lugar particular.
A cidade não para,
mas nisso já não veem stress.
Tudo ganha beleza,
o sorriso se faz fácil,
divertem-se com o movimento urbano.
Até nisso descobrem sensualidade,
para depois, como que deuses,
desprezarem-no, criando silêncio.
Num minuto de tempo eterno,
perdido na troca de um olhar
onde se confessa uma paixão.

Gilberto Brandão Marcon
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