ENCONTRO NA SOLIDÃO



Divago pelas invisíveis ondas
Do vento que enche as velas,
Da nau onde vão meus sonhos.
Inquieto está o coração no peito.
Talvez dia encontre águas calmas.
Quem sabe espelho de meus sorrisos,
Ou ainda alcova de minhas lágrimas.
Haverão de ser o colo que acalenta.
Ainda que escravo de palavras duras.
Entretanto, nunca tive o desejo de ferir,
Longe vai o desejo de magoar.
Pois que a delicadeza encanta a força.
Musa é a mulher que transcende a carne.
Esta é etérea como o encanto das flores.
E guarda em si águas puras.
Daí que minha sede aplaca-se nesta fonte..
Seu álibi feminino a torna segura.
E então comunga com a lua noturna.
Segue-me com a discreta emoção.
Sussurra-me palavras. Autodesvenda-se.
E minhas sombras ganham sua luz.
E o destino perder-se do caminho.
E o minúsculo instante faz-se todo.
E no silêncio ouço apenas sua voz.
Numa manhã que perdeu-se no tempo.
De um tempo que quis brincar de eternidade.
Mas que de tão efêmero duvidei de mim,
Para crer na promessa da luz do seu olhar.

Gilberto Brandão Marcon
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